![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp1NtSzqnI7YtKrRyexBlCbZZwbHhzSVgQsiMXyB29yE_HmJ2nzDIpRvs0RgeeGGQRnoNUj1mWtuc4JF8OSQp4B4q3LOToazLUKfq5vz_fJICtMaC2B_DLFYbCYq8Bd7vIL19JAM6wocyA/s200/prof__agenor_projeto_leitura.jpg)
O meu tesouro é um livro
de folhas gastas, dobradas,
onde ainda brilha o ouro
de palavras encantadas:
guinéus, luíses, dobrões.
Se o abro, à noite, no quarto,
levanta-se um vento leve
que enfuna os lençóis da cama;
cheira a sal, ouvem-se as ondas,
salpicos de espuma volteiam no ar.
Mas já não voam as palavras que voavam
e me arrastavam prò o mar,
o grande mar que é muitos e só um.
Por mais que escute já não ouço
a canção dos marinheiros:
Dez homens em cima da mala do morto...
Iou, ou, ou, e uma garrafa de rum...
Antigamente era outra essa viagem
e era eu o rapaz da estalagem.
Escondido na barrica das maçãs,
escutava o taque-taque
do homem da perna só
e as conversas dos piratas
que passavam no convés:
Com quarenta homens nos
fizemos ao mar,
mas só um, afinal,
se conseguiu salvar.
(...)
Magalhães, Álvaro O Limpa Palavras e Outros Poemas, Porto: Ed. Asa, 2003.
Sem comentários:
Enviar um comentário