Quando Jesus nasceu, contam que era Rei para aqueles lados um senhor muito mau, que mandava tudo torto, bebia canja de lagartixa verde e comia tripas de gato cheias de azeite velho. Além do mais, andava sempre com um cão vesgo e cabeçudo, que cada vez que ladrava fazia sair um «pum». Blagh!!! Que porcaria, nem parecia nada vida de Rei... Pois era assim mesmo, e isto era porque esse Rei que se chamava Herodes, era mau de meter medo. Tinha uma carantonha pior que uma caraça de bruxa no Carnaval, e vejam bem... era tão mal-educado que nunca lavava os dentes e tinha as unhas das mãos muito grandes, só para poder tirar macacos do nariz a toda a velocidade. Que nojo, só de pensar! E como era pequenino, porque reis assim nunca chegam a grandes, calçava sapatos de tacão mais altos que dois tijolos juntos, enfeitados com quilos de ouro, para não levantar voo com o seu inchaço soprado.
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Ora, «grandes» assim também não gostam mesmo nada de pequenos, porque é como elefantes a fugirem de ratos. Ou seja, no fundo e a sério, o Rei Herodes tinha cá um medo de perder a sua importância toda, que nem vos digo! E como medos são coisas que só existem nas nossas cabeças, na do Rei havia um muito grande e que dizia assim:
“Se nascer por aí algum menino pequeno, que possa ser, um dia, mais importante do que eu, ainda deixo é de ser Rei!... Que medo!”. E do seu armário secreto de medos e sustos, este era bem o pri¬meiro que sairia, se lá fôssemos abrir uma gaveta.
Strecht, Pedro.
Recados do Tempo do Menino Jesus.
Lisboa: Assírio & Alvim, 1998.
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